Hoje, vamos começar uma sequência de textos muito especial: a série sobre os relacionamentos com os diferentes perfis do Eneagrama

O primeiro casal escolhido foi entre os eneatipos (tipos do Eneagrama) 6 e 1, esse casal perfeitinho e justiceiro.

 

Pontos fortes do casal

  • São atraídos por ideais nobres, gostam de lutar contra a injustiça em busca de um mundo melhor, um mundo mais perfeito. 
  • Querem fazer algo de útil e prático para melhorar o mundo.
  • Costumam ter um projeto em comum e trabalham para realizar um sonho, muitas vezes já desde o primeiro encontro. É isso que os faz se apaixonarem, as ideias do futuro que eles desejam.
  • O casal está sempre tentando se melhorar, buscando formas de se desenvolver, só que oscila bastante entre a imposição do Tipo 1 e a dúvida do Tipo 6.
  • Ambos tendem a projetar cenários e acabam ficando um pouco ansiosos porque ocupam demais o dia a dia com questões que estão por vir. Por isso, precisam relaxar um pouquinho.
  • É um casal bem objetivo. O Tipo 1 e o Tipo 6, em especial o subtipo 6 sexual, possuem coragem para superar desafios e suportam com muita paciência os tempos difíceis no relacionamento.
  • Entendem a importância de fazer boas perguntas e têm a disposição necessária para tentar o inesperado. Gostam de enfrentar os desafios. 
  • São responsáveis e são comprometidos, buscando organização e planejamento para alcançarem seus sonhos.
  • Eles também têm um foco profissional e intelectual, gostam sempre de estar crescendo e se melhorando.
  • O Tipo 1 passa a segurança que o Tipo 6 tanto precisa e admira no parceiro, com seu jeito de ser e de se posicionar, porque possui muita segurança em si mesmo.
  • Já o Tipo 6 tem características que o Tipo 1 admira muito, como a cooperação e a disposição para buscar novas alternativas. 

 

Pontos de atenção para o casal 

  • São dois perfis muito críticos e, dessa forma, acabam criando muitas expectativas sobre o futuro e sobre como as coisas devem ser. O que leva a uma grande frustração em relação ao parceiro.
  • Ambos evitam o conflito. O Tipo 6 não gosta quando o Tipo 1 entra em contato com a raiva, e o Tipo 1 também não gosta de demonstrar raiva porque não acredita que isso é nobre. Embora, se for um casal Tipos 1 e 6 com subtipo sexual, vai ser um pouco mais explosivo porque o Tipo 6 sexual ataca para não ser atacado, já o Tipo 1 sexual não consegue conter e reprimir a raiva. Por isso que ele tem uma crítica muito excessiva e faz com que o Tipo 6, muitas vezes, não se sinta seguro diante dessas exigências inalcançáveis do Tipo 1. A raiva, então, vai assustando o tipo 6 e ele vai ficando cada vez com menos vontade de debater. Essa característica marcante de querer estar sempre certo pode trazer uma sensação de não estar valendo a pena, já que não tem como eles terem um diálogo. Diante da inflexibilidade do Tipo 1, o Tipo 6, às vezes, tende a ceder para evitar discussão. Isso leva a um desgaste na relação. Portanto, o cuidado é para que eles não se afastem e comecem cada um a fazer suas coisas individualmente e evitem conversar. O diálogo fica um pouco difícil se não há escuta, porque o Tipo 6 tenta argumentar e o Tipo 1 não escuta por ele já ter certeza. O diálogo é, sem dúvida, um ponto de atenção deste casal

 

Como melhorar o relacionamento na quarentena

  • Lembre-se de checar a realidade. É muito importante buscar alternativas como a comunicação não violenta, evitar acusar o outro e guardar ressentimentos porque ambos vão acumulando ressentimentos para não ter discussão e, naturalmente, uma hora explodem. Então, devem buscar recursos externos de como se comunicar e eliminar as projeções sobre o parceiro.
  • Conversas periódicas e ambos devem ficar mais aberto para os imprevistos. Essas conversas periódicas precisam estar na agenda. É preciso se preparar, anotar as coisas que precisam ser faladas e cuidar para não acusar, além d estar aberto para ouvir.
  • O lazer é um ponto fundamental, porque o Tipo 1 é muito rígido às vezes com essa questão, o lazer dele é muito programado. Dessa forma, vale se organizar para ter uma diversão mais leve e se abrir para o que vier. Esse, com certeza, é um grande desafio: aceitar as coisas e as pessoas exatamente como elas são.
  •  É muito importante trabalhar a espontaneidade porque a espontaneidade desse casal é quase zero. Embora o Tipo 6 acredite ser bastante espontâneo, na verdade, ele não é tanto. Então, já pensou ter um dia inteiro para brincar como criança? Vale para o casal se desafiar ao ridículo, colocar uma música,  uma venda nos olhos (no início, se for necessário devido à timidez) e deixar o corpo se movimentar como ele quiser, sem ter que fazer passinhos ou agir como um robô. Deixar a música interior falar mais alto, o nome dessa prática é Movimento Espontâneo. Dancem desengonçados mesmo. Quando vocês conseguirem tirar as vendas e dançarem ridiculamente um na frente do outro sem se preocuparem com julgamentos, com certeza recuperaram um pouco a espontaneidade e deram um passo certeiro em direção à intimidade.
  • Outra coisa importante para este casal é a lista da gratidão. Com é um casal muito realista e tende a ver as coisas de uma forma um pouco mais negativa, todos os dias ambos devem escrever algo que aconteceu e que gostariam de agradecer, e também listar as qualidades do parceiro para não cair na armadilha de só olhar os pontos negativos. Não perca de vista as boas intenções do parceiro e os motivos pelos quais você se apaixonou por ele. Alimentem a confiança e o apoio mútuos, vale elogiar. Esse casal tem muita dificuldade de elogiar. Então, vale treinar o elogio conscientemente. Isso vai fazer muito bem para a relação. 
  • Outra questão importante é aprender a lidar com os próprios sentimentos. Quando isso acontecer, vocês vão perceber que vão parar de culpar um ao outro. Isso ocorre por causa da tendência de achar que  as coisas sempre dão errado porque o outro não fez isso, porque o outro não colaborou. Tem muito a ver com não olhar para a própria insegurança e pela necessidade de perfeccionismo, uma raiva muito reprimida que vem à tona. Quando ficar incomodado, tentar, então, olhar para esse sentimento e dar vazão a ele. É bom olhar no espelho e repetir: “Sim, eu sinto medo, eu sinto medo, tá tudo bem eu sentir medo”. Para o Tipo 1: “eu sinto raiva, eu tenho raiva, tá tudo bem assim, que raiva, eu posso sentir raiva, eu sou uma pessoa”. Então vocês com vocês mesmos façam esse trabalho esses emoções. Elas vão vir com muita força na relação com o outro. Então, esse trabalho precisa que a gente acolha as nossas emoções primeiro, e só a gente quando a gente conseguir lidar com a nossa própria vulnerabilidade poderemos olhar para o outro e acolher o nosso parceiro como ele é, exatamente como ele. 

 

Lembre-se disso: o estado ideal só existe quando abrimos mão da necessidades de ter as coisas do nosso jeito e podemos, assim, observar a perfeição das coisas exatamente como elas são. 

 

Se preferir, basta clicar para ouvir o texto na íntegra.

 

Jaqueline Tartari

Mestre em Gestão por Competências pela UFSC. Coach comportamental, Terapeuta e Educadora, com formações no Brasil e no exterior. Discípula de Cláudio Naranjo, referência mundial no assunto. Participante da Escola SAT (Seekers After Truth).